Esta é a segunda parte do relato de nosso parceiro Erivan Avellar sobre sua viagem entre as cidades de Perth (no oeste australiano) até Sidney, do outro lado do continente. Ele reside na terra dos cangurus com a família e é um apaixonado por motocicletas como todos nós. Divirta-se!
Se ainda não leu a primeira parte deste relato, clique aqui!
THE ALPINE WAY – SNOWY MOUNTAINS.
A Alpine Way é uma estrada de 121km através de zonas rurais e alpina da Austrália, bastante turística, e que cruza o parque nacional de Kosciuszko, oferecendo uma visão espetacular das montanhas.
Além de passar por um dos pontos mais altos da Austrália, o meu maior interesse era ver a neve e acampar no parque. Era de meu conhecimento estar próximo do fim da temporada de neve naquela área, logo por que não arriscar?!? Muitas dúvidas se eu conseguiria tocar a moto em frente devido as muitas placas que indicavam trechos bloqueados pela neve e outros sinais que alertavam sobre o uso de motos naquelas condiçōes.
Cuidadosamente fui fazendo o meu caminho até o topo. A minha maior frustração, no entanto, foi o dilúvio que me pegou desde Melbourne até Albury, e posteriormente até o topo do parque Kosciuszko. A minha bota e luvas não aguentaram mais e, consequentemente, os dedos dos pés e mãos “congelaram”. Alguns planos tiveram que ser abortados.
O cansaço das noites mal dormidas, o desconforto com o frio e muita chuva deram lugar ao mau humor. Em uma das poucas paradas para fazer fotos e durante a pausa da chuva, eu perdi o equilíbrio ao subir na moto e ela tombou comigo. Ao menos o mau humor deu espaço a gargalhada por alguns minutos.
Já no topo o tempo abre e o sol aparece. Até parecia que aquilo tudo era para mim. Parada para mais fotos. A neve cai…….. Yepi!!!! Senti-me uma grande criança pulando de alegria. Como já era tarde, melhor encontrar um hotel de beira de estrada, colocar toda a roupa para secar novamente, e descansar bastante para os últimos kilómetros.
Os pontos altos desta travessia que durou 1 dia: os rios que cortam os parques, a represa, as cabanas que podem ser usadas de graça pelos turistas no caminho e muita neve. Hei de voltar!!!
ÚLTIMOS KILÔMETROS.
Último dia de jornada e de uma cidade pequena próxima ao Kosciuszko National Park, sigo em direção a Sydney.
No caminho uma rápida passagem pela capital da Austrália – a bonita e organizada cidade de Canberra – de aproximadamente 400 mil habitantes – e onde se situa a mais alta cúpula da política nacional: o parlamento.
Pausa para um lanche e uma rápida visita, agora sim sigo em direção à Sydney, onde cheguei tarde da noite e a procura de um local para dormir. Sydney seria a minha base para as futuras aventuras nos meses seguintes, mas só não contava que a moto ficaria com o mecânico por aproximadamente 2 meses. Aí ja é uma outra história.
DA HOSPITALIDADE DAS PESSOAS (“The Aussie Spirit”)
Por mais remoto que eu estivesse com a minha moto, eu nunca estava sozinho. Em Kalgoorlie e na Eyre Highway, fui surpreendido com o carinho das pessoas que me ofereceram um café durantes as minha paradas para descanso.
Da mesma forma, dois motociclistas de Harley Davidson cruzaram pelo meu caminho próximo ao lago Cowan, retornaram e me perguntaram se eu estava bem, abastecido e se precisava de qualquer ajuda mecânica. Atitude similares também por parte de motoristas de 4WD, “caravans”, etc. Evidentemente que eu retribui a mesma solidariedade pelo caminho.
O mais interessante de tudo foi a quantidade de pessoas acenando pelo caminho – o que me deu aquela impressão de estar sendo assistido e de ter suporte em uma hora de aperto.
Não poderia ainda deixar de agradecer o motociclista Brasileiro Fabio Viela, que mora em Melbourne, e que me ofereceu um abrigo depois de um dia intenso de chuva na estrada.
Por fim, vale salientar o carinho de diversos colegas motociclistas, familiares e amigos que online me incentivaram na jornada. Até mesmo um mestre do motociclismo brasileiro – Edgard Cotait – me ligou dias antes para dar as dicas de última hora – como levar “lenços umedecidos” para uma eventual parada de emergência no outback (risos).
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DICAS IMPORTANTES
## Clima e temperatura: As condiçōes climáticas e de temperatura podem variar consideravelmente entre as regiōes e épocas do ano, de norte à sul, de leste à oeste. Procure saber com antecedência.
## Fatiga: Para quem vem do exterior, a fatiga e o fuso-horário pode ser a sua maior inimiga nos primeiros dias da viagem. Cautela!
## Áreas remotas: Esteja preparado para eventuais contra-tempos. Leve água, alimentos não perecíveis e combustíveis extras ainda que haja postos no caminho.
## Comunicação: Apesar das múltiplas empresas de telefonia em operação, a TELSTRA é a única empresa que oferece sinal em muitas das comunidades remotas.
## Pedágios: Em Melbourne e Sydney os pedágios são eletrônicos e dentro das cidades quando se usa uma das motorways ou túneis. A cobrança é feita online somente, logo se faz necessário se cadastrar em uma das operadoras antes ou até 3 dias depois de passar pelo pedágio. Sem cadastro, a conta é enviada por correio e a taxa de administração cobrada é alta. Eu usei ROAM EXPRESS e foi o suficiente.
## Vida Animal: A vida selvagem pode ser vista durante todo o dia, porém é no entardecer e anoitecer que uma parcela é mais ativa. Logo, pilotar a noite requer muito cuidado e não é encorajado. Animais mortos na pista oferecem idênticos riscos aos motociclistas.
## Permissōes e taxas: Consulte com antecedência se precisa pagar por uma taxa ou requerer permissão para atravessar certas áreas. O uso da The Great Central Road por exemplo requer permissão.
## Emergência: Emergência na Austrália é “000”. É de conhecimento que os celulares podem fazer ligaçōes de emergência ainda que não hajam sinais. Como nunca testei o serviço, não saberia dizer se cobriria 100% de todo o território nacional.
## Tráfego: Vale lembrar que se pilota na mão inversa se comparado com o Brasil. Para os estrangeiros de passagem, os erros podem ser mais comuns quando se está pilotando cansado.
## Velocidade: 110 km/h é o limite de velocidade na maioria das estradas da Austrália. No estado de NT há uma parte da Stuart Highway que não existe limite de velocidade.
## Multas e câmeras de velocidade: Os valores das multas são altos na Austrália e podem afetar o custo de viagem. Diversos tipos de câmeras estão em operação, como por exemplo, “Average Speed Camera” que calcula a velocidade média entre um ponto A e B da rodovia.