Saímos – eu, Edgard Cotait e Ramon Ribeiro – cedo de São Paulo, 6h00 já estávamos na Rod. Fernão Dias rumo à Belo Horizonte/MG. Chegamos a BH por volta das 14h00 min e após um breve lanche e mais um reabastecimento, seguimos viagem rumo à Ipatinga/MG. Apesar de distar somente 225 km de BH levamos quase quatro horas para percorrer este trecho composto de estradas sinuosas e intenso tráfego de caminhões. Nos instalamos no primeiro hotel decente q achamos, mortos de cansaço, pois os 822 km de viagem até aqui foram muito difíceis de serem percorridos devido à característica das estradas.

Abrolhos-Bahia (13)

No domingão rodamos cerca de 600 quilômetros para chegar a Caravelas e nada de expressivo ocorreu, portanto partirei direto para lhes contar como foi nossa segunda-feira 15.09.

O dia amanheceu nublado, infelizmente não deu pra fazer o passeio até o arquipélago de Abrolhos e decidimos dar um passeio até Cumuruxatiba. O Ed já conhecia e dizia que era um lugar maravilhoso, etc. e tal (e é mesmo). Lá fomos nós dar um “pulinho” em Cumuru. Saímos umas 09h30minhs da pousada e rodamos em direção ao norte, onde fica a praia. Depois de Prado a estrada de asfalto acaba e vira uma estrada de barro. Até aí tudo bem, o problema é quando surgem do nada “bolsões” de areia fofa.

No primeiro desses “bolsões” eu comprei um “terreninho” (caí na areia) . O Ramon passou devagar, o Ed passou devagar e o malandrão aqui achou que dava pra passar “um pouco mais rápido”. A moto começou a derrapar de traseira e eu, claro, acelerei forte. De uma hora pra outra me vi montando um cavalo xucro, a moto quicava de um lado pro outro até que…eu caí de lado quase parado. Pra falar a verdade eu não senti absolutamente nada de tão “fofinha” que estava a areia e fiquei lá deitado dando risada (queria ver se fosse terra ou asfalto se eu ia dar risada). Se o Ed não me ajuda a levantar a moto eu estaria lá até hoje, a areia era tão solta e fininha q a moto ficava escorregando de um lado pro outro.

Um pouco antes o Ed tentou subir num banco de areia (ainda em Prado/BA) e atolou, aí ele acelerou forte pra sair da areia e escavou um buraco fundo até a corrente da moto entrar na areia e eu e o Ramon sairmos gritando pra ele parar. O Ramon também deixou a moto deitar na areia uma vez. Enfim, todos tiveram experiências ruins com o areião.

Chegamos a Cumuru sem maiores problemas. A praia é lindíssima, extensa e com águas azuis translúcidas. A maré varia tanto nesta praia (e nesta região) que os barcos, que na maré cheia ficam flutuando, na maré baixa ficam encalhados na areia e dá pra andar entre eles. Infelizmente chegamos na maré cheia. Depois de algumas horas ao sol tomando uma cervejinha resolvemos ir até a Barra do Cahy (local do primeiro aporte português em terras brasileiras) porque o Ed insistiu que era demais, que a gente tinha q ir e tal. Depois de vários quilômetros dirigindo sobre areia fofa, eu e Ramon desistimos de chegar à Barra do Cahy e o Ed seguiu por mais três quilômetros sozinho. Eu e o Ramon não aguentávamos mais andar a 10km/h, na areia fofa e sempre com a embreagem pressionada. As mãos já formigavam e as juntas dos dedos doíam. Quando o Ed retornou – com boas fotos – voltamos para a pousada, onde uma bom banho de piscina nos aguardava antes do jantar.

A terça-feira amanheceu com um sol maravilhoso e as 6h20m já estávamos acordados, saindo para pegar o barco que leva ao arquipélago de Abrolhos lá pelas 7h00. O tempo excelente e a visibilidade boa da água prometiam um dia de mergulhos inesquecíveis. No caminho para o arquipélago paramos várias vezes para ver as baleias Jubarte darem um show particular para nós. Uma das baleias passou a uns cinco metros do nosso barco e a imponência desse animal se fez notar claramente. É um animal lindíssimo e muito amistoso, vimos grupos de duas, três e quatro baleias, além das baleias solitárias. Elas vêm à Abrolhos para reproduzir e trazem no ano seguinte, seus filhotes para a migração.

O arquipélago em si é uma história à parte, um oásis no meio do mar aberto. A variedade de aves que lá vivem não é muito grande, mas a tranquilidade com que nos deixam nos aproximar delas é fantástica. Os Atobás são maioria, mas vimos também uma ave chamada “rabo-de-palha” e algumas outras variedades. A fauna aquática é maravilhosa, não muito diferente de Ilhabela/SP em termos de variedade de peixes mas os animais aqui são muito maiores do que nessa ilha paulista. Talvez por estar em mar aberto, sei lá. Eu consegui nadar por uns dois minutos seguindo uma tartaruga-pente, é uma sensação emocionante.

Abrolhos-Bahia (96)

Na volta para o continente vimos novos grupos de baleias e eu consegui fotografar uma delas pulando alto fora d´agua. Muito lindo. O pôr-do-sol em mar aberto foi um espetáculo à parte. Na volta para a pousada – já de noite – tomamos banho e saímos para jantar.

No dia seguinte saímos no meio da manhã de Caravelas/BA em direção a São Mateus/ES, onde pernoitamos. Mas não sem antes tentar chegar até a praia de Itaúnas porém a chuva que caía há dias deixou o percurso de barro muito difícil para as motos carregadas. Fizemos o percurso desde São Matheus até Anchieta, ambas no Espírito Santo, no dia seguinte. No caminho passamos por Vitória, Vila Velha e Guarapari. Cruzamos a famosa “3ª Ponte” entre Vitória e Vila Velha sob um vento relativamente fraco mas com muita chuva.

Nosso percurso seguinte foi de Anchieta à Búzios. Rodamos uns 20 km em estradas de barro pois decidimos ir pelo litoral. As estradas estavam escorregadias após a chuva de ontem e anteontem mas saímos ilesos.

Dormimos de sexta para sábado em Búzios/RJ. Achamos uma pousada localizada exatamente na Rua das Pedras – pra quem não sabe é onde rola o agito em Búzios à noite -, de propriedade de uma senhora chilena chamada Marisol. A pousada não tinha garagem porém a proprietária fez questão que colocássemos as motos no corredor de entrada da pousada. Atravancou o estreito corredor mas pelo menos elas estariam seguras para passar a noite.

Apesar da excelente localização esta foi, sem dúvida a pior pousada em que nos hospedamos nesta viagem, mas como se tratava de um único pernoite nós ficamos ali mesmo. Depois de um rolê pela Rua das Pedras, um acesso rápido à internet e um jantar à base de pizza vendida aos pedaços, fomos nos recolher. Precisávamos descansar pois a viagem entre Anchieta/ES e Búzios/RJ havia sido cansativa devido às estradas em péssimas condições.

Acordamos tarde no sábado – tarde para o padrão dos dias anteriores, já eram 8:00hs. Depois de tomar o café-da-manhã colocamos as bagagens nas motos e saímos para fazer algumas fotos da cidade. Apesar do sol brilhar intensamente, um vento frio fazia questão de deixar a temperatura amena, ótima pra viajar de moto. Fotos feitas, saímos de Búzios rumo à Sampa às 10:45hs. Os 600 e poucos km que separam Búzios de Sampa foram os mais fáceis de trafegar. A Via Lagos (que liga RJ à Região dos Lagos) é toda de pista dupla e muito bem conservada, o curto trecho entre o final da Via Lagos e a ponte Rio-Niterói esta em condições ruins mas também é duplicado e ao chegarmos na Br116 (Dutra) estávamos no paraíso: pista dupla, bem conservada e com pouco tráfego até a região de Guaratinguetá.

Logo depois da divisa RJ/SP começou uma chuva fina que depois se intensificou e nos acompanhou até o final da viagem. De Taubaté em diante seguimos pela Rod. Carvalho Pinto e Rod. Ayrton Senna, até chegar em casa. Chegamos por volta das 18:30/19:00hs encharcados mas felizes por chegar bem. Missão cumprida mais uma vez!

Veja as fotos aqui!

Texto: Felipe Ribeiro
Fotos: Todos os membros da equipe
Publicado originalmente aqui!