Augusta e Adeline Van Buren, foram algumas das primeiras mulheres motociclistas da história e pilotaram de costa a costa nos Estados Unidos em motocicletas Indian Power Plus em 1916, tornando-se as primeiras mulheres a pilotar veículos motorizados até o cume do Pikes Peak durante esse percurso.

Parte de sua missão era convencer os militares de que as mulheres estavam aptas para servir como pilotos-mensageiros. E apesar de não atingir esse objetivo, elas claramente provaram que as mulheres eram capazes de muito mais do que a sociedade em geral permitia-lhes naquela época.

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Augusta nasceu 26 de março de 1884, e Adeline nasceu 26 de julho de 1889. Descendentes do ex-presidente Martin Van Buren, as irmãs eram esbeltas “meninas da sociedade” e provaram que as mulheres poderiam pilotar motocicletas por todo o continente – até então considerado “traiçoeiro”, embora ainda não tivessem o direito de votar.

As irmãs foram criadas em Nova York, juntamente com seu irmão, Albert, e desfrutavam de uma educação enérgica e com foco nos esportes como canoagem, natação, patinação, mergulho, wrestling e corrida. Não é surpreendente que elas também pegaram gosto pelo motociclismo. Suas vidas foram marcadas por uma série de realizações. Elas eram brilhantes, entusiasmadas e se recusaram a ser pressionadas pelas limitações que a sociedade impunha as mulheres da época.

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Sendo jovens mulheres inteligentes, eles se prepararam para a viagem transcontinental com muito cuidado. Sua intenção tinha um propósito duplo. Na época o Movimento Nacional de Preparação era um esforço da sociedade para se preparar para a inevitável entrada dos Estados Unidos na Primeira Guerra Mundial. Augusta e Adeline sentiam que as mulheres poderiam ajudar de forma direta, tornando-se piloto-mensageiros, liberando os homens para prestar apoio ao combate. Isso eliminaria um dos argumentos principais usados pelos homens para negar às mulheres o direito de voto – as mulheres não eram participantes nos esforços de guerra. Elas teriam que provar este ponto, mostrando, sem sombra de dúvida, que uma mulher poderia lidar com as dificuldades de motociclismo de longa distância e condições adversas. Assim o plano de viagem delas foi concebido, antes de existirem a maior parte das autoestradas ou mesmo estradas pavimentadas.

Primeiro, elas gradualmente acumularam experiência em passeios de longa distância em Nova York, e, em seguida, partiram em sua jornada no dia 4 de julho de 1916. Elas partiram de Sheepshead Bay no Brooklyn e rumaram para o oeste através Chicago e Omaha a bordo de suas Indian, equipadas com faróis a gás. A Power Plus foi o modelo com o “quadro de aço vanádio” top de linha da marca Indian nesse período, a venda por US $ 275. Elas também usavam pneus Firestone.

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A jornada começou difícil, especialmente porque elas foram presas várias vezes nas pequenas cidades a oeste de Chicago, e não por acelerar demais, mas por usar roupas masculinas. Elas estavam vestidas em couro, e depois de chegar a um entendimento com a lei, elas foram autorizadas a continuar com a sua viagem.
As maiores dificuldades técnicas foram encontradas na travessia das Montanhas Rochosas e os desertos ocidentais. As irmãs foram as primeiras mulheres a chegar ao topo do pico Pikes Peak em qualquer tipo de veículo motorizado. O caminho para o cume era perigoso, subindo até +/- 4.600 de altitude, mas para Gussie e Addie era apenas outro desafio. Em seguida elas dirigiram para oeste de Colorado Springs, através Gilman até Grand Junction. Elas caíram de suas motos muitas vezes como resultado da fadiga física, buracos ou em alguns casos, da lama pesada. Os moradores muitas vezes viriam em seu auxílio, ajudar a levantar ou retirar suas motos quando elas estavam encrencadas.

Elas chegaram a San Francisco em dois de setembro, após algumas experiências perigosas nos desertos a oeste de Salt Lake, incluindo quase ficar sem água. Elas completaram a jornada em oito de setembro depois de chegar a Los Angeles. Apenas como uma espécie de bônus, elas decidiram continuar até Tijuana para uma travessia final da fronteira.

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Após esta série de realizações, e depois de provar sua competência, o alistamento de Adeline aos militares como piloto de expedição foi rejeitada. A cobertura nos meios de comunicação da época, embora adequada em muitos aspectos, não dava o devido reconhecimento ao que elas tinham realizado justamente, e de forma merecida. Artigos na mais importante revista de motociclismo daqueles dias elogiaram as motos, mas não as irmãs. Sua conquista histórica foi descrita como um período de férias, em vez de a verdadeira expedição que foi.

Ambas Augusta e Adeline acabaram se casando e seguindo suas vidas. Há pouca evidência sobre se elas continuaram pilotando motos, mas eles continuam a ser pioneiras. Adeline, inicialmente uma professora de Inglês, finalmente ganhou seu diploma de Direito da Universidade de Nova York. Augusta tornou-se uma piloto, voando com o grupo de voo de mulheres fundado por Amelia Earhart, chamada The 99s.

Augusta e Adeline Van Buren quebraram os estereótipos do seu tempo provando que a mulher poderia fazer qualquer coisa que um homem pode fazer. Nas palavras de Augusta, “A mulher pode se ela quiser.”

Elas entraram para o “AMA Motorcycle Hall of Fame” em 2002.